A ESPIRAL NEGATIVA
O materialismo grosseiro da nossa época certamente nos remete a uma sociedade involutiva, tomada pela Entropia e que tende a nivelar todos por baixo. Aquele que quiser escapar das leis da mecanicidade deve trabalhar intensamente sobre si mesmo, aqui e agora. Isso foi dito pelos grandes mestres de consciência desperta ao longo dos séculos da civilização humana.
Entender o cerne da questão, a teoria e a prática das quais os mestres incansavelmente nos falaram se torna evidente e inadiável. Estamos todos lutando pelo despertar da consciência e este é ou deveria ser o objetivo principal de todo estudante gnóstico.
Precisamos compreender que a mecanicidade é uma estrutura que abrange desde os confins da mente até o topo da cadeia alimentar. Ela abarca todos os seres que estão adormecidos nesse “Vale de Lágrimas”. Ela é o piloto automático da existência, ao qual muitas pessoas chamam de “Destino”. É relevante afirmar que a mecanicidade nada mais é do que o funcionamento das leis que nos regem. Por exemplo, temos a Lei da Gravidade a qual é comum a todos, a Lei da Ação e Reação, a Lei da Inércia, entre outras tantas...
Entretanto, existem certos conjuntos de leis que regem o princípio anímico da existência, que não são conhecidas por todos e muitas vezes, quando apresentadas, são rechaçadas pelos intelectuais e ignorantes ilustrados. Estas são leis que gerenciam o ser humano em um nível mais espiritual, como por exemplo, a Lei do Retorno e Recorrência, que por repetição de outras existências, vai coordenar os episódios na vida de uma pessoa, deixando-a a mercê das circunstâncias e guiadas pelos defeitos que carregam em sua psique.
O verdadeiro trabalho gnóstico consiste na superação dessas leis e, como consequência lógica, o crescimento espiritual.
Krishna, Budha, Cristo, Hermes Trismegisto, Quetzoacoatl, Samael Aun Weor, entre tantos outros, são exemplos de seres inefáveis e radicais que buscaram em si a autorrealização íntima, o encontro com o Uno, com nosso Real Ser, com as Hierarquias Divinas e os conhecimentos de todas as belezas que regem o Cosmos e as outras Dimensões.
Tudo isso só é possível mediante a superação da mecanicidade, a essa condição mental a qual nos encontramos e que possui uma capacidade hipnótica arrebatadora, espantosamente difícil de escapar. Essa mecanicidade somente ocorre porque temos a receptora dela: A Mente. A mecanicidade existe para todos aqueles seres que não criaram a individualização própria. Quando nos acreditamos “um”, dentro nossa estrutura mental, acreditamos também que nossas atitudes são guiadas por vontade própria.
Não é necessário reforçar que a humanidade em quase sua totalidade se crê una, senhores da própria vontade, guiados no máximo por um instinto primitivo básico e, quando espiritualizadas, acreditam que o livre arbítrio, dado pelo seu Criador, serve para que elas possam ser livres para escolher.
Tudo isto nos leva a refletir: Até onde a humanidade pode chegar com esta linha de raciocínio? Percebemos pelos dias atuais que não muito longe de onde já fomos. Torna-se inadiável, pois, o entendimento do funcionamento mecânico da Mente e como irmos contra a correnteza da mecanicidade, para que as leis não se voltem contra nós durante a nossa existência e assim a Balança do Juízo Final não penda contra nós, no momento que teremos que apresentar ou não nossa “Obra”.
Sobre a Mente e a mecanicidade sabemos (e podemos comprovar isso a qualquer momento) que dentro de nós carregamos vários “Eus”, agregados psíquicos, que ali foram se instalando e que amordaçam 97% de nossa Essência e Consciência. E como todo bom parasita, os “Eus” se camuflam no inconsciente, lutando para não serem descobertos, pois isso ocasionaria a sua morte pelo hospedeiro.
Durante o dia somos bombardeados por diversos estímulos: luzes, sons, memórias, pensamentos, vídeos, vivências, emoções, entre tantos outros acontecimentos... O fato é que por termos uma Mente puramente egóica, logicamente essas impressões ficam na mão desses vários agregados que estão em nosso inconsciente. E justamente aí mora o erro: estas impressões são digeridas pelo ego e transformadas como emoções e pensamentos da mesma natureza do ego: negativa, obscura, doentia...
Desta forma tendemos a ser tragados por uma espiral involutiva e negativa, que se autoconsome e fortalece a cada dia que passa. Em outras palavras, vamos contra nossa própria natureza de superar as leis mecânicas e passamos a sermos ainda mais subjugados por elas.
Uma vida que deveria estar voltada para algo superior e sublime, mas logo perde esse significado e ficamos ligados ao vão materialismo do mundo físico, rodando sem sentido e apenas buscando satisfazer nossos prazeres egóicos. Buscando as bebidas, as drogas, os prazeres orgiásticos, a raiva, a fofoca, a aprovação, o medo, a ganância e tantos outros elementos que pertencem ao Ego.
Passamos por várias existências alimentando a todos esses defeitos psicológicos que atualmente parece impossível a sua desintegração, a sombra que criamos desses “Eus-diabos” cobrem toda a luz vinda do céu e acabamos nos distanciando do que é o divinal.
Certamente que, perante esse cenário, tudo parece já estar reduzido ao fracasso e decidido a sermos jogados nos mundos infernos, para nos purificar de tanta podridão que produzimos com nossas próprias atitudes. Mas, para os verdadeiros revolucionários, nada é impossível...
A simples leitura deste texto e o interesse por estes ensinamentos indica que nossa Mônada busca a autorrealização, como sinal de que não abandonou seu trabalho interno, nos acendendo a “Chama” da inquietude, fazendo-nos buscar a luz no meio das trevas e de tanta sujeira que levamos dentro.
Para a eliminação do ego é necessária a auto-observação constante, a fim de compreender em que momento ou circunstância o ego entra em atividade e ali, neste momento, o eliminar. Pegando-o no pulo, como um parasita que se esconde nas entranhas, imaginando nunca ser pego pelo hospedeiro. Aí está realmente a salvação da alma, o céu se toma por assalto! O ego só se desintegra com vontade e determinação.
Ao analisarmos o agregado psíquico em atividade, gastando nossas energias ao falarmos mal do próximo, ao criarmos cenários imaginários de luxúria, desejando mais riquezas, ou em qualquer outro cenário, peçamos nossa Divina Mãe que desintegre aquele defeito, com a ajuda dela conseguiremos realizar esse trabalho.
É necessário acusarmos a nós mesmos e termos humildade para entendermos o buraco em que nos encontramos e que precisamos de um auxílio vindo do Alto para nos salvar. Certamente não é uma tarefa fácil, de fato é muito difícil. Perceber realmente aquilo que somos e trabalharmos por mudar esta condição é realmente “negar a si próprio”, como o Cristo nos ensinou. Portanto, pegue sua cruz e siga-o.
Paz Inverencial!
Colaboração: Estudantes gnósticos do Gnose para Poucos / S.O.S.