(Gnose para Poucos: A Nota Síntese)
O ANJO BARUK
"Não seria possível entender aos seres estritamente espirituais que vivem além, na região dos
Elohim, se não tivéssemos a intuição desenvolvida, como entenderíamos? Sim, é que eles
falam de certa forma, de certa maneira, que se não somos intuitivos, não entendemos; temos
que saber entendê-los.
Ainda recordo, faz muitos anos, muitos, talvez uns quarenta ou quarenta e cinco anos atrás,
naquela época eu andava ainda, como dizem, de “capa caída”, de Bodhisattwa caído. Porém é
óbvio que não havia perdido minhas faculdades, e no Mundo Astral me ocorreu invocar nada
menos que ao Anjo Baruk, que foi o Mestre instrutor de Jesus de Nazareth.
Vocês diriam: “Mas como, se Jesus é o Mestre dos Mestres”. Eu não lhes nego a vocês isso,
mas vocês não me podem negar que ele esteve no Egito e que lá se sentou nos bancos a
receber aulas como estão recebendo vocês aqui. Ele também teve que, digamos, repassar
todo o curso de ensino antes de entrar a cumprir a grande missão que cumpriu, e seu Guru era
então o Anjo Baruk.
Mas vejam vocês o que a mim me ocorreu, chamar nada menos que ao Anjo Baruk, ao Mestre
de Jesus de Nazareth; bastante atrevido, verdade? Minha época em que andava de “capa
caída”, como dizem.
Bom, veio a mim o Anjo Baruk. Sim, veio a mim. É um Elohim muito antigo. Ele tem uma
sapiência única. Saiu, claro, do interior da Terra; sim senhor. De onde saiu? Do coração da
Terra! Se abriu uma passagem e junto de seus discípulos se aproximou de mim.
“Sou o Anjo Baruk – respondeu – para que me haveis chamado?” “Necessito conversar
contigo”, foi minha resposta. Eu era bastante atrevido naquela época. Ah, assim somos quando
anda de “capa caída”, tudo consegue tão facilzinho… E a mim não foi difícil conversar com ele.
Bom, se sentou em um cômodo sofá e me disse: “Pode falar”, nessa linguagem que eles tem,
que não é uma linguagem seca como a nossa, aqui embaixo, senão doce: “Pode falar”.
Nesse momento o Anjo Baruk parecia uma formosa donzela, pois bem sabido que todo ser
divino tem duas almas, a Alma Espiritual que é feminina e a Alma Humana que é masculina.
Ele colocou a tona sua Alma feminina, quer dizer, sua Walkiria, para conversar comigo. O
primeiro que eu lhe disse foi o seguinte: “Necessito de uma chave para despertar a
clarividência instantaneamente de qualquer ser humano”. O Mestre ficou me olhando e respondeu: “Não posso te dar esta chave.” Bom, então necessito
outra chave. “Qual?” “necessito uma chave para que todo ser humano possa sair
instantaneamente do corpo fisico ao Astral, cada vez que lhe dê vontade…” Não eram por certo
muito bonitas as frases que eu estava utilizando, não era por certo as frases que deve escutar
um Iniciado, claro eu tinha o Eu bem gordo. O que mais se poderia esperar de mim. Então
responde o Mestre: “Tampouco posso dar-lhe esta chave”, depois de “perdida” (estaba eu
naquela época, faz uns quarenta e cinco anos de “capa caída”, pois eu havia vindo a este
mundo como Bodhisattwa caído), lhe disse: Bom, dá-me uma chave para ganhar dinheiro, que
bem mal estou”. O Mestre respondeu outra vez: “Tampouco posso dar-lhe esta chave”.
Bom, mas claro, fiquei mirando aquela dama inefável encostada em um cômodo sofá, com uma
linda fita na cabeça, não? Pois, francamente, não? Pois como se é homem… de sexo
masculino, não?... pois me pareceu até bonitinha, não?... Sim, pois me ia parecendo cada vez
mais simpática, não? O único que não disse foi: “Estais bonita”, não? Não, não, não, não
chegou até aí, mas sim, em meu interior sentia que estava simpática, não?
Bom, assim em meu interior, estava contemplando-lhe e cada vez me parecia mais simpática,
mais bonita, não? E verdade que se via lá mesmo. Mas, de repente, fui surpreendido por algo
terrível, isso sim não esperava eu. Ocorre que estava eu vendo a Walkiria, a Alma Espiritual
(esta é feminina), então o Mestre lançou sua Alma Espiritual para o fundo de sua Consciência
Superlativa e colocou a tona sua Alma Humana, ao qual é masculina. Ao colocá-la a tona se
originou uma transformação, então me encontrei frente a um ancião terrível que lançava raios e
trovões por todas as partes, com o cetro de poder e eu fiquei, pois, assombrado. Isso de estar
contemplando uma bela daminha inefável que me estava parecendo bonitinha e depois que se
transformou em um varão terrível, que lançava raios e relâmpagos... Isso não foi uma boa
surpresa, isso foi uma terrível surpresa. Compreendi que estava “metendo a pata” e que estava
descendo até embaixo. Então não me restava mais nada do que pedir perdão, nada mais. Sim,
eu francamente humilhado, caído ao solo, me prostei mordendo ao pó e pedindo cinquenta mil
perdões, ocorridos e por ocorrer: “Perdoa-me, não voltarei a ter essa classe de pensamentos”...
Cinquenta mil coisas! Aquele Venerável se envolveu em seu manto roxo, olímpico, inefável,
logo me bendisse, me deu a bendição gnóstica e depois de bendizer-me falou com uma
perfeição única, e me disse: “Estás mal acompanhado”. Referia-se aos Eus que carrega dentro,
que não eram umas mansas pombinhas e logo me disse ainda: “Houve um pouco de falta de
respeito, mas enquanto o amor persista, está tudo bem”.
O amor tudo pode, eu estava prostrado, permaneci abaixado, reconhecendo minha “metida de
pata” até o fundo, não me restava mais remédio, humilhado pois! Me bendisse e se foi. Eu
fiquei mirando essa perfeição de criatura, envolto em seu manto roxo. Seus discípulos, outros
anjos (os anjos tem discípulos anjos), imediatamente com o Mestre, abriram uma passagem e
desceram por ali até o coração da Terra. E ali partiu e eu fiquei olhando-o.
Pois a corrigir-me, não me restou outro remédio, a corrigir-me! Corrigir a palavra, por aí
comecei. Tinha a tendência de falar como Raimundo e todo o mundo, e desde ali, ao ter visto
esta perfeição na palavra daquele varão, comecei a corrigir-me, a falar com mais cuidado, a
não murmurar sobre ninguém, a amarrar a língua ainda que por dentro estivesse estourando,
mas mudar em silenciar-me, a falar estritamente a verdade.
Bom, de lá para cá, senti que esse Ego era para mim assustador e foi assustador, resolvi a
mudar, mas mudar de verdade. Compreendi que estava no lodo da terra, que estava e que
realmente vinha mal acompanhado, como ele me disse. Carregava em meu interior multidões
de Eus perversos e é óbvio que tive de dedicar-me a dissolver estes Eus. Mas como não fazêlo depois de ter visto semelhante perfeição!
Contudo, ao conversar com o Anjo Baruk, se eu não tivesse tido um chispaço de intuição, não
haveria entendido. Porque me disse: “Estás mal acompanhado”? Porque não quis me dar as
chaves que lhe pedi? Isso não se pode entender senão com a intuição. Porque não quis me
dar essa chave para despertar a clarividência de qualquer um instantaneamente? Porque não
quis me dar a chave para desdobrar alguém ou para ensinar a humanidade com se desdobrar
através do sonho? Fui entender seu silêncio com a intuição.
De maneira irmãos, que Imaginação, Inspiração e Intuição são os três caminhos obrigatórios da
iniciação.
Se alguém se encontra com um Elohim, cara a cara, somente pode entendê-lo se é intuitivo. Se
não é intuitivo, como poderia entendê-lo, de que maneira? Há que ser intuitivo para poder lhe
entender."
El Sendero de La Iniciacion - Samael Aun Weor