KRISHNA
-
Onde está minha mãe? (A
Serpente ascendente Kundalini).
- Meu filho, não me perguntes -
respondeu o patriarca -, tua mãe voltou ao país de onde veio e não sei quando
voltará...
Krishna caiu em profunda tristeza, abandonou
seus companheiros e perambulou durante várias semanas no monte Merú.
Ali encontrou um ancião, em pé, sob um
cedro gigantesco. Os dois se entreolharam-se por um longo tempo.
-
Quem buscas? – disse o anacoreta
-
Minha mãe. Onde a encontrarei?
-
Ao lado d'Aquele que não muda nunca. (0 Pai que está em secreto).
-
Mas como encontrá-lo?
-
Busque, busque sempre, sem parar. (dentro de ti mesmo).
-
Mate o touro (o
Ego Animal) e apascente a serpente (do Abismo).
Depois Krishna reparou que a forma
majestosa do ancião se tornava transparente, depois trêmula, até desaparecer entre
os ramos, tal qual uma vibração luminosa...
Quando Krishna desceu do monte Merú,
ele parecia radiante e transfigurado; uma energia mágica brotava de seu Ser.
- Vamos lutar contra os touros e as serpentes
(abismais); vamos defender os bons e subjugar os malvados – disse a seus
companheiros.
Com o arco e a espada, Krishna e seus irmãos, os filhos de
pastores, bateram em todas as bestas ferozes na selva.
Krishna matou ou domou leões, declarou
guerra à reis perversos e libertou tribos oprimidas, mas a tristeza invadia o
fundo do seu coração.
Sua alma tinha somente um desejo
profundo e misterioso: encontrar sua Mãe Divina Kundalini e voltar a encontrar
o sublime ancião (seu Mestre); mas apesar da promessa deste e de muito
que havia lutado e vencido, não podia consegui-lo.
Um dia ouviu falar de Kalayoni, o rei das serpentes, o mago
negro guarda do templo de Kali (Coatlicue, Proserpina, Hécate), a
horrenda deusa do desejo e da morte e pediu-lhe para lutar com a mais temível
de suas serpentes, aquela serpente eterna (o abominável orgão kundartiguador)
que já havia devorado tantas centenas de excepcionais guerreiros, cuja baba
corroía os ossos e cujo olhar semeava o espanto em todos os corações.
Do fundo do templo de Kali - a rainha dos infernos e da morte,
a de todos os crimes -, Krishna viu sair, ao conjuro mágico de Kalayoni,
um longo réptil azul-esverdeado.
A serpente esticou lentamente seu
grosso corpo e eriçou ruidosamente sua crina avermelhada e seus olhos penetrantes
brilharam espantosamente em sua cabeça de monstro de conchas reluzentes.
- Ou adoras ou morrerás – disse-lhe o
mago.
A serpente morreu nas mãos de Krishna, do Santo herói que não conhecia
o medo.
Quando Krishna matou heroicamente a serpente
guardiã do templo de Kali, a horrível deusa do desejo e da morte, fez abluções
e orou durante um mês às margens do Ganges, depois de ter purificado à
luz do sol, no divino pensamento contemplativo de Maha-deva.
A horripilante víbora infernal jamais aceitaria o sahaja maithuna, a castidade científica, porque isto vai contra os interesses da natureza.
Aqueles que não conseguirem ser devorados pela Divina Serpente Kundalini, serão tragados pela pavorosa serpente Píton.
O guerreiro que conseguir matar a cobra
infernal ingressará no Palácio dos Reis; será ungido como Rei e Sacerdote da natureza,
segundo a Ordem de Melquisedek.
Entretanto, certamente jamais resulta
uma iniciativa fácil se rebelar contra os átomos da herança, contra a luxúria
que herdamos de nossos antepassados, contra a pavorosa víbora infernal que
trouxe ao mundo nossos avós e que trará nossos filhos e os filhos de nossos
filhos.
Isso que a pessoa leva na carne, no
sangue e nos ossos é definitivo e rebelar-se contra isso resulta espantoso.
A doutrina da aniquilação budista é
fundamental. Precisamos morrer de instante a instante; somente com a morte advém
o novo.”
A Doutrina Secreta de Anahuac – Samael Aun
Weor