KRISHNA

em 6 de março de 2021

KRISHNA


  “Diz a lenda dos séculos que, quando Krishna – o grande Avatara do Indostão - completou quinze anos, foi procurar o patriarca Nanda e lhe disse:

- Onde está minha mãe? (A Serpente ascendente Kundalini).

- Meu filho, não me perguntes - respondeu o patriarca -, tua mãe voltou ao país de onde veio e não sei quando voltará...

Krishna caiu em profunda tristeza, abandonou seus companheiros e perambulou durante várias semanas no monte Merú.

Ali encontrou um ancião, em pé, sob um cedro gigantesco. Os dois se entreolharam-se por um longo tempo.

- Quem buscas? – disse o anacoreta

- Minha mãe. Onde a encontrarei?

- Ao lado d'Aquele que não muda nunca. (0 Pai que está em secreto).

- Mas como encontrá-lo?

- Busque, busque sempre, sem parar. (dentro de ti mesmo).

- Mate o touro (o Ego Animal) e apascente a serpente (do Abismo).

Depois Krishna reparou que a forma majestosa do ancião se tornava transparente, depois trêmula, até desaparecer entre os ramos, tal qual uma vibração luminosa...

Quando Krishna desceu do monte Merú, ele parecia radiante e transfigurado; uma energia mágica brotava de seu Ser.

- Vamos lutar contra os touros e as serpentes (abismais); vamos defender os bons e subjugar os malvados – disse a seus companheiros.

Com o arco e a espada, Krishna e seus irmãos, os filhos de pastores, bateram em todas as bestas ferozes na selva.

Krishna matou ou domou leões, declarou guerra à reis perversos e libertou tribos oprimidas, mas a tristeza invadia o fundo do seu coração.

Sua alma tinha somente um desejo profundo e misterioso: encontrar sua Mãe Divina Kundalini e voltar a encontrar o sublime ancião (seu Mestre); mas apesar da promessa deste e de muito que havia lutado e vencido, não podia consegui-lo.

Um dia ouviu falar de Kalayoni, o rei das serpentes, o mago negro guarda do templo de Kali (Coatlicue, Proserpina, Hécate), a horrenda deusa do desejo e da morte e pediu-lhe para lutar com a mais temível de suas serpentes, aquela serpente eterna (o abominável orgão kundartiguador) que já havia devorado tantas centenas de excepcionais guerreiros, cuja baba corroía os ossos e cujo olhar semeava o espanto em todos os corações.

Do fundo do templo de Kali - a rainha dos infernos e da morte, a de todos os crimes -, Krishna viu sair, ao conjuro mágico de Kalayoni, um longo réptil azul-esverdeado.

A serpente esticou lentamente seu grosso corpo e eriçou ruidosamente sua crina avermelhada e seus olhos penetrantes brilharam espantosamente em sua cabeça de monstro de conchas reluzentes.

- Ou adoras ou morrerás – disse-lhe o mago.

A serpente morreu nas mãos de Krishna, do Santo herói que não conhecia o medo.

Quando Krishna matou heroicamente a serpente guardiã do templo de Kali, a horrível deusa do desejo e da morte, fez abluções e orou durante um mês às margens do Ganges, depois de ter purificado à luz do sol, no divino pensamento contemplativo de Maha-deva.

A horripilante víbora infernal jamais aceitaria o sahaja maithuna, a castidade científica, porque isto vai contra os interesses da natureza.

Aqueles que não conseguirem ser devorados pela Divina Serpente Kundalini, serão tragados pela pavorosa serpente Píton.

O guerreiro que conseguir matar a cobra infernal ingressará no Palácio dos Reis; será ungido como Rei e Sacerdote da natureza, segundo a Ordem de Melquisedek.

Entretanto, certamente jamais resulta uma iniciativa fácil se rebelar contra os átomos da herança, contra a luxúria que herdamos de nossos antepassados, contra a pavorosa víbora infernal que trouxe ao mundo nossos avós e que trará nossos filhos e os filhos de nossos filhos.

Isso que a pessoa leva na carne, no sangue e nos ossos é definitivo e rebelar-se contra isso resulta espantoso.

A doutrina da aniquilação budista é fundamental. Precisamos morrer de instante a instante; somente com a morte advém o novo.”

 

A Doutrina Secreta de Anahuac – Samael Aun Weor


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