NECESSIDADES VERDADEIRAS
Desde que nascemos somos gradualmente apresentados a um mundo que não nos permite o desenvolvimento sem necessidades específicas. Quando crianças, não bastam que as necessidades primitivas de alimentos sejam saciadas. Logo desenvolvemos necessidades por brinquedos lúdicos e, nessa época atual, necessidades de jogos eletrônicos e do brinquedinho celular.
Na adolescência surgem as necessidades das roupas de marca, de calçados específicos, das
festas com amigos, de liberdade. Já adultos, além de mantermos a maioria das necessidades das
fases anteriores da vida, desenvolvemos necessidades de graduação, de trabalhos estimulantes,
de grandes salários, formação de família, entre tantas outras.
Em algum momento de nossa vida nos deparamos com uma necessidade de algo espiritual.
Nasce então a Inquietude e, se nos encontramos nesse grupo hoje é porque ela foi um chamado
energético, vigoroso e profundo dentro de nós.
Para suprirmos todas as necessidades meramente físicas que criamos, sabemos que
existem Leis Universais que podem fazer com que passemos a vida inteira lutando para satisfazê-las, sem obter sucesso. O Carma e Dharma irão reger essas questões.
Sendo assim, a única necessidade que pode ser suprida exclusivamente por nossa própria
conta é a necessidade espiritual, a necessidade de nosso Verdadeiro Ser, a necessidade de
deixarmos de ser marionetes para podermos vivenciar o verdadeiro Amor, a verdadeira
Liberdade, a Divindade dentro de nós.
Se fomos “atingidos” pela formosa inquietude espiritual, se fomos em busca das respostas, se entendemos a Verdade que nos foi apresentada pelos Mestres, se começamos a praticar os ensinamentos, por que então nossa ascensão é tão lenta? Por que nosso caminho parece estar sendo feito em esteira de academia? Onde estamos errando?
Precisamos encarar essas perguntas de frente! É urgente termos respostas sinceras para elas, caso contrário a inquietude que nos trouxe até aqui pode estar prestes a desaparecer.
“Não há ninguém que na vida não haja sentido, alguma vez, um pressentimento,
uma estranha inquietude; desgraçadamente, qualquer coisa da personalidade, por
tola que essa seja, é suficiente como para reduzir à poeira cósmica isso que, no
silêncio da noite, nos comoveu por um momento.” (Samael Aun Weor)
Como resposta às perguntas acima, poderíamos enumerar motivos que preencheriam
páginas, mas no momento sugerimos nos deter nas questões:
- A importância que damos a nossa necessidade espiritual é a mesma que damos as nossas
necessidades de nosso mundo Maia?
Sabemos que o trabalho que nos dá o sustento nos custa em média 9 a 10 horas de nosso
tempo. Renunciamos qualquer coisa por ele. Agimos assim com o tempo para nossas práticas ou
frequentemente o renunciamos por outros compromissos? Será que como manicures em um
salão de beleza dizemos a nossa cliente: a mão direita já está pronta, volte amanhã que eu faço a
esquerda pois tenho um compromisso mais importante em casa? Não seria isso o que fazemos
constantemente com nosso trabalho espiritual? Voltar amanhã ou depois, depois de amanhã,
para fazer o que deveria ter sido feito hoje?
Os motivos que nos levam a renunciar diariamente nosso trabalho interno estão
diretamente relacionados com todas as necessidades que herdamos e com aquelas que
continuamos criando mecanicamente dentro de nós.
Será que as horas extras estão sendo necessárias para podermos pagar pelas necessidades
extras que criamos? Minha família só come carne de 1ª, a marca do amaciante tem que ser “tal”,
a TV a cabo tem que ter 200 canais, as férias têm que ser em hotéis com piscina, o tênis do filho
tem que ser importado, a pintura do cabelo tem que ter a técnica X, a mais cara, o carro precisa
ser trocado pois preciso de mais conforto...
Será que aquele curso que nos inscrevemos é realmente necessário? Quanto tempo
precisarei me dedicar nessa atividade? Será que uma hora dedicada ao Jornal da Noite vai me dar
o relaxamento necessário ao chegar em casa? Esquecemos que toda a prática esotérica
proporciona relaxamento e descanso?
Será que o encontro com amigos precisa ocorrer “religiosamente”2 vezes por semana? Será
que meu negócio próprio precisa ficar aberto até as 19 hs sem fechar ao meio dia? Será que
preciso atender clientes após o horário comercial? Será que preciso marcar um passeio com a
família que dure das 7 da manhã às 7 da noite? Poderia eu marcar para sair as 9 e antes disso
fazer uma prática de Transmutação das Forças Cósmicas antes de sair?
Quantos jantares com parentes são realmente necessários? Será que um café na tarde não
supriria as necessidades dos encontros familiares noturnos? E se for inevitável, não poderíamos
dedicar 30 minutos do nosso horário de almoço para fazer a prática que não poderemos fazer às
20hs?
O fato é que normalmente dedicamos a nossa necessidade espiritual o tempo que nos
sobra. Quando sobra! Quando só temos sobras a oferecer, somente sobras teremos para ganhar.
Enquanto não houver, no mínimo, equilíbrio de dedicação, continuaremos nos
questionando sobre o porquê de nossa estagnação espiritual.
“O chispaço, o pressentimento, um suspiro misterioso, um não sei que foi sentido alguma
vez pelo açougueiro da esquina, pelo engraxate ou pelo doutor de primeira categoria;
mas tudo foi em vão; as necessidades da personalidade sempre apagam a primeira
faísca da luz; depois prossegue o frio da mais espantosa indiferença.”
(Samael Aun Weor)
Em muitos momentos os Mestres usaram o termo Atletas.
Para um atleta a prática se faz necessária diariamente. O treino é diário, o esforço é diário,
a superação é diária, a luta contra o cansaço é diária. Um dia sem treino e o corpo já não reage
como deveria e no dia seguinte o esforço terá que ser maior, irá exigir forças adicionais que nem
sempre iremos possuir.
O atleta abdica de sua vida inúmeros eventos sociais, inúmeras horas de descanso. Seu
relógio diário é milimetricamente programado e todas as atividades são seguidas à risca. Seu foco
é seu bom desempenho e ele sabe que para isso não há outra fórmula a não ser a da DEDICAÇÃO
DIÁRIA.
Assim também é o funcionamento com o trabalho esotérico.
Nenhuma necessidade deveria se sobrepor às nossas práticas. Para isso são necessários
organização, agendamento (hora tal, prática tal), lembrança da continuidade de propósitos.
Urgentemente precisamos nos tornar Atletas. Precisamos alimentar diariamente nossa
Inquietude Espiritual.
Um maratonista não pode ficar imóvel na linha de largada. É preciso dar o primeiro
impulso, o primeiro passo para que a corrida aconteça. É durante a corrida que vem a satisfação,
a compreensão do que pode ser melhorado para a próxima competição. Somente as práticas nos
impulsionam, mesmo precisando de superesforços para fazê-las.
Todo o desânimo e falta de vontade cessam quando iniciamos uma prática, mesmo não
sendo perfeita. Atentemo-nos a isso.
É na sequência de treinos que nossa inquietude vai crescendo e nos impulsionando.
“Para que haja inquietude espiritual contínua, requer-se passar o centro magnético de gravidade à Essência, à Consciência. Desafortunadamente, as pessoas têm o centro magnético de gravidade na personalidade, no café, no bar, nos negócios de banco, na casa de encontros ou na praça do mercado...” (Samael Aun Weor)
Precisamos refletir sobre como podemos equilibrar melhor o tempo e esforços dedicados
a nossas “necessidades". Precisamos estabelecer o grau de importância que
damos a cada uma, com SINCERIDADE e fazer as mudanças que acharmos necessárias.
Precisamos contar com o auxílio de nosso PAI para nos mantermos INQUIETOS
ESPIRITUALMENTE.
Paz Inverencial!
*Colaboração: irmãos gnósticos da S.O.S.
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